domingo, 10 de maio de 2009

Guerra ou paz ?

Olhei naqueles olhos escuros, querendo me dizer alguma coisa, eu não era capaz de compreender, eles me olhavam profunda e intensamente. Haviam muitos em volta dele, porém ninguém podia vê-lo, eu era a unica que o enxergava, ele havia me escolhido para salvar o destino, ele havia me escolhido para mudar os planos do mundo.
Entrei no palco, havia um púlpito à minha espera, me apossei dele, coloquei meu discurso no lugar apropriado, o microfone na direção dos meus lábios, bilhões de pessoas estavam me esperando, eu iria decidir que caminho a humanidade ia seguir, todos os interpretes de todas as línguas estavam esperando que eu iria dizer, cada conjunção, cada vírgula era de extrema importância. O mundo estava declarando guerra, era da minha boca que sairia a decisão final, trilhões de euros estavam em jogo, Europa, Ásia, América e África estavam declarando guerra, na minha mão estava a decisão final. De qualquer maneira, iam ter os que me apoiavam, e os que iriam me criticar. Eu sei, ao ver de todos a paz seria o caminho certo, sem mais discussões. O que eles não sabiam era que a minha vida e a vida da minha família também estava em jogo, nas mãos de assassinos frios e calculistas, daqueles que cumprem ordens a qualquer custo, não importa qual seja, sem dó nem piedade nenhuma, por dinheiro.
Ali estava eu, entre a minha família viva e o mundo morto, ou a minha família morta e o mundo vivo.
Governantes da pior espécie estavam me ameaçando, todas as possibilidades corriam a minha cabeça em questão de segundos. Já havia pensado em me matar, mas seria o mesmo que matar minha família, havia pensado em fugir, mas de que adiantaria fugir, se só eu, mais ninguém iria poder decidir o que o mundo seguiria. Nunca tive tanto poder em minhas mãos, e nunca havia odiado tanto em tê-lo.
Todas as atenções, flashes, gravadores, microfones, olhares, ouvidos, estavam voltados à mim. A cortina se abriu, me receberam com aplausos - hipócritas, todos que ali estavam, queriam a minha cabeça - os agradeci falsamente. Não sabendo ainda que decisão tomar, pedi para que tocassem o hino do meu país inteiro - afinal, o hino do Brasil tem um tamanho bom. Sem entender nada, atenderam ao meu pedido, eles não tinham escolha, era tudo ao vivo. Ao soar da musica, fechei meus olhos, estava na hora de decidir, não tinha mais tempo, a unica coisa que vinha na minha mente, eram aqueles olhos escuros, tão vivos quanto fogo, agora eu compreendia o que eles queriam dizer, eles pediam paz. Em uma fracção de segundos, eu lembrei de todas as cenas que já havia visto nas guerras da África do norte, no Paquistão, na Amazônia brasileira, entre outros lugares, me lembrei do semblante de dor e desespero das pessoas, era como se eu pudesse ouvir o choro dos pequenos órfãos, que culpa nenhuma tinham, era como se todas as pessoas inocentes do mundo - que não eram poucas - falassem ao meu ouvido, pedindo minha compaixão e misericórdia, ao mesmo tempo, eu podia ouvir o riso dos meus três filhos, era capaz de sentir o cheiro deles, lembrei-me do nascimento de cada um, o mais novo tinha apenas 1 anos ainda, eu pude por um instante sentir o beijo o meu marido, era um amor muito forte o que eu sentia por eles, não podia permitir que lhes fizessem mal.
O hino acabou, comecei a falar.
- Boa noite, estou aqui senhoras e senhores, com o poder de decidir as suas vidas, o caos e a paz dependem apenas de mim, talvez para vocês seja fácil pensar que o óbvio a se decidir, é pela paz, pois vou lhes informar que não, a paz não é tão fácil assim de se escolher. Neste momento senhoras e senhores, existem assassinos em minha casa, ameaçando meus filhos e meu marido, para que eu escolha pela guerra, neste momento senhoras e senhores, o presidente do Japão, China, EUA, Inglaterra e África do Sul, ameaçam acabar com a minha vida, caso eu faça conhecimento publico a aliança entre eles, e o anseio deles por essa guerra, como se a vida da minha família, já não fosse o suficiente. Então meus queridos ouvintes poderosos, que ousaram um dia ameaçar tudo que mais amo, só por causa do dinheiro que irão ganhar com essa guerra, eu os digo que podem começar a matar meus filhos e marido, podem me matar também, eu sei que eles irão entender a minha decisão, e eu decido pelas três letras mais necessárias do mundo: P-A-Z .
Neste momento o mundo se chocou, pois não havia como cortar a transmissão da minha declaração.
Os assassinos em minha casa, receberam as ordens para matar a minha família, foram então ao sótão, aonde meu marido e filhos estavam. Os assassinos não os encontraram, viram apenas as cordas que os amarravam jogadas ao chão, saíram desesperados à procura deles. Ninguém entendeu nada, meus filhos de 2 e 4 anos estavam ajoelhados orando, e meu marido com o menor no colo, assustou-se ao ver que eles haviam saído da casa.
No congresso internacional, aonde eu me encontrava, virou um caos, os presidentes dos países citados estavam sendo completamente abordados pela imprensa, uma agitação enorme se criava a minha frente, fiquei parada aonde estava, não sabia o que fazer, novamente o dono daqueles olhos escuros e vivos como fogo, aparecer ao meu lado, me pegou no colo e me tirou daquele lugar.
Em poucos minutos eu estava em um albergue de baixa categoria, em uma ilha próxima à cidade aonde morava, meu marido junto com meus filhos também se encontravam lá, não sabia como, mas eles estavam lá, nunca havia ficado tão feliz na minha vida por vê-los. Fui informada pelo dono do albergue, que haviam pago a minha estadia por lá, durante 3 meses, e que não era para eu sair daquele lugar, os olhos daquele senhor, me eram familiares.
3 meses se passaram, tudo que eu havia dito dos presidentes fora confirmado, eles foram presos e condenados a prisão perpétua, fazendo com que todas as falcatruas de seus governos, e de outros governos também, fossem descobertas, havendo então uma nova eleição no mundo inteiro. Fazendo assim com que a história do planeta mudasse a partir desse ponto.
Só não posso lhes afirmar se fora para melhor ou pior.

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