terça-feira, 14 de julho de 2009

O amor confundiu-se em diversas maneiras.

1992, o amor se apaixona por uma mortal, dando um poder a filha que ela acabara de gerar, o de amar. Amar acima das compreensões humanas.
Por estar acima das capacidades dos outros, essa criança ainda muito nova, começa a sofrer por amar demais, vendo isso seu maior guardião, o próprio amor, lhe concede o poder de curar-se. Necessitando ela então de apenas 48 horas para cicatrizar todas as feridas que amar lhe trazia.
Ela foi crescendo, e notando que sua dor sempre parecia ser maior que a dos outros, entretanto, não durava o mesmo tempo.
A saudade que sentia das pessoas, era sempre algo distante, que só aparecia nos dois primeiros dias, depois sumia.
A necessidade de sentir-se amada, não era algo tão relevante em sua vida, aliás, era algo quase desnecessário, pois o amor que lhe foi dado, era o genuíno, aquele que nada espera de volta.
As decepções com os homens, não lhe afectavam como parecia afectar às outras garotas. Nem mesmo quando brigara com algum 'melhor amigo', ela sentia falta dele. Mas nunca, deixara de ama-lo.
Amar para essa menina, era algo tão comum e natural, que ela nem ao menos percebia que isto fazia. Todos que passavam por sua vida, levavam dela o amor.
Não estou dizendo que ela jamais odiou, até por que, 'o ódio e o amor andam de mãos dadas'. Porém ela nunca teve muitos inimigos, e quando eu digo isso, me refiro a uma ou duas pessoas que não gostavam dela. Era difícil não contagiar-se com sua alegria, com o seu sorriso. Sua maneira de amar, sempre havia sido muito ampla, sem barreiras, sem fundamento, sem inicio, meio ou fim, ela sempre simplesmente amou.
Todavia, quando o amor lhe concedeu o seu único dom, ele não permitiu-se mexer em seu coração.
Você deve estar se perguntando: "como ele não permitiu-se mexer no coração dela?".
Ele só colocou nela uma dose maior de amor pelas pessoas, mas nunca distinguio quem ela amaria mais.
Então, quando ela completou seus 16 anos, começou a perceber que algumas (poucas) pessoas, se destacavam em seu amor homogéneo. Ela sentia por três amigos seus um amor maior, que a consumia de forma diferente, isso a assustou, pois jamais tinha notado que poderia amar mais do que já amava. E por amar mais que todas as pessoas, quando alguém se sobressaia em seu amor, ela amava quatro vezes mais do que um ser humano consegue amar alguém.
Porém isso nunca a incomodou, até que um dia ela conheceu alguém que mexia com todos os seus sentimentos, que se confundia em todas as formas de amor que ela já havia sentido. Isso a amedrontou, mas era tão bom, que ela não queria parar de sentir, resolvendo deixar-se levar por aquele novo sentimento, nova forma de amar. Cada vez mais essa pessoa chegava mais longe, cada vez mais o amor se aumentava em várias proporções, porém nunca havia sido correspondido, não que ele pudesse corresponder da mesma maneira, mas ele não a correspondia nem da maneira humana-normal. Mas isso não a entristecia, pois ela sempre havia amado, e sempre amará sem esperar reciprocidade. Até o dia em que ele, a pessoa que ela mais havia amado na vida, lhe dissera que gostava dela (é claro que não da mesma maneira), e que de certa forma queria estar com ela, porém eles estavam separados pela distância.
Ela contava os dias para poder vê-lo, abraça-lo, sentir seu cheiro... Era tudo que ela queria, não precisava de mais nada. Pois por ama-lo de forma diferente, ela era capaz de sentir saudade, de sentir necessidade de sua companhia, era tão incrível o modo como ele mexia com seus sentimentos...
Então chegou o tão esperado dia, eles finalmente iriam se ver, ela imaginara que seria fantástico poder abraça-lo novamente, sentir que ele estava em seus braços... Só ela sabia como aquilo lhe era necessário.
Entretanto quando eles se encontraram, ele à cumprimentou de uma maneira seca e comum, ele nem ao menos falava com ela... Toda a ansiedade de vê-lo, transformou-se em agonia, eles nem ao menos tinham se abraçado... Ela perdia-se em pensamentos. Até o momento em que ele saiu de perto dela e de todos que estavam com eles, em seguida outra menina foi atrás dele.
Como se o mundo fosse retirado de seus pés, a tristeza começou a envolve-la, era óbvio que ele havia marcado com outra, por isso que tinha sido tão seco e distante, por isso evitava olhar para ela, por isso nada que ela havia imaginado tinha acontecido. Uma dor que ela jamais havia sentido começou a surgir, e junto a dor vinha a raiva e a indignação.
Passou-se a noite, ela não o olhara mais nos olhos, ela não o sorria mais, ela não o queria mais, ambos foram embora, mas ela não estava satisfeita, precisava colocar sobre ele todo sentimento ruim que ele havia deixado nela. Sendo assim, no momento em que pôde, ela foi conversar com ele. Ela o xingou, ofendeu, falou tudo que sentia, traduziu um décimo do seu amor em palavras, expôs seu coração rasgado e insanguentado, e tudo mais que podia fazer para ele sentir ao menos um milésimo do que ela estava sentindo.
Sem escapatórias, ele sentiu-se a pior pessoa do mundo. As palavras dela o feriram também, só não sabemos com que intensidade, mas era impossível tornar-se imune a tudo que ela o dizia.
Sentindo-se mal por tudo, ele pedira seu perdão, e explicara a ela que tudo que ele havia lhe dito, sobre gostar dela, tinha sido 'coisa de momento', e que não era verdade.
Fazendo então com que toda a raiva, indignação e dor espalhados por diversos fatos, se trasformassem no pior sofrimento por que passara, canalizado em apenas um fato: era tudo mentira, ele nunca havia lhe amado.
A dor provinha de seus ventres, rasgando-a por dentro, e não havia nada que ela pudesse fazer contra isso. O amor, desesperado por causar-lhe tamanho sofrimento, concedeu à pobrezinha o sono, que estaria presente em sua vida de maneira indiscutível, e duraria o tempo de sua cura. Foram 48horas de sono, para entender como fazer para a dor cicatrizar, e parar de jorrar sofrimento.
Passadas as 48 horas, algo dentro dela havia se regenerado, transformando-se em compreensão, e dando à ela o poder de ser imune a esse tipo de amor. E foi o que ela decidiu fazer, nunca mais amar da maneira que se confundia com todas as outras.

sábado, 11 de julho de 2009

Julgamento.

Com tudo que vivemos, nos tornamos tão certos de nossos pensamentos, que resolvemos julgar os outros, pelo o que acreditamos ser certo. O único erro de nossos julgamentos, é que eles são baseados naquilo que vimos, naquilo que nos é mostrado. Esquecemos que tudo ao nosso redor é muito mais do que os nossos falhos olhos podem captar.
Nos tornamos juízes dos erros alheios, pensamos ser superiores às pessoas que erram, e que temos o direito de mal dizê-las por sermos tão melhores que elas. Não chegamos nem perto de nos colocarmos no lugar do réu, de pensar como ele pode ter pensado, ou sentir o que ele pode ter sentido. Estamos sempre tão certos de que o que somos é o correto, que esquecemos por completo que existem outros tipos de pensamentos além dos nossos, esquecemos que há outros modos de ver e viver o mundo e a vida. Colocamos os sentimentos das pessoas em ultimo lugar na hora do julgamento, fazemos dos seres humanos máquinas perfeitas, que jamais devem errar, esperamos das pessoas muito mais do que elas podem nos dar, culpando-as por nos decepcionar, esquecendo do simples fato de que ninguém nos prometeu a perfeição, a única promessa que podemos fazer é a de sermos humanos, e nem essa temos cumprido.
Vivemos escravos dos nossos conceitos infundados, precários, pequenos e medíocres, que nos levam cada vez mais à temida solidão.