sábado, 6 de junho de 2009

Período.

Nunca pensei que crescer fosse tão difícil assim. Meu sonho desde pequena é ir embora, e quando isso está prestes a acontecer, tudo que eu mais quero é ficar. O medo tem tomado conta dos meus dias, me apavoro só de pensar. Faculdade, vestibular, outra cidade, outra vida para enfrentar. É estranho pensar que em alguns meses, vou virar o que a sociedade chama de 'gente grande'.
Eu sei que tenho mais opções, que posso continuar morando com a minha família, que tudo pode ser diferente, mas se eu escolher desse outro jeito, não seria eu.
A minha vida sempre foi traçada por meio dos meus sonhos e suas realizações, não vai ser agora que eu iria desistir. Mas confesso ser o sonho mais medonho que eu irei realizar. Em pensar que não terei mais minha mãe para me socorrer quando estiver doente, me abraçar quando eu estiver com medo, ou simplesmente me ouvir quando estiver chorando, nossa, isso é realmente apavorante.
Ultimamente isso é tudo em que eu tenho pensado, talvez seja isso que tem roubado meu sono, seja isso que tem me segurado em casa. Eu sinceramente não sei o que está acontecendo comigo, mas não me encontro mais dentro de mim. Não tenho mais vontade para sair, dar risada, me divertir. Minha única vontade é de permanecer em casa, lendo algum livro, vendo algum filme, falando com poucos amigos. Me fechei em um mundo de ficção, de imaginação, onde meu único interesse é permanecer nele, no meu mundo de leitura, de sentimentos que não são meus. Até por que, eu mesma, não tenho sentido mais nada. Uso de meus pensamentos para ajudar os outros, fico feliz com a felicidade alheia, fico triste com a tristeza alheia, mas nada, nada mais vem de mim.
Não sei até onde meus medos têm intervido na minha vida, só sei que não sou mais a mesma. Meu ânimo se foi por completo, meu romantismo é vivido através de livros, meus sorrisos são todos para fotos, do quarto à sala, da sala para cozinha, este é o único passeio que tenho feito. Minhas motivações são poucas, minhas vontades menores ainda. Há algo errado comigo, e eu não sei o que fazer para mudar isso, não sei ao menos se quero mudar.
Quando penso em sair de casa, parece que meu estômago começa a se revirar, sinto quase como uma vertigem, não intendo mais o que está acontecendo, eu sei que isso não sou eu.
Tenho vivido sensível demais, chorar tem se tornado normal, e olha que eu odeio isso. Meu humor tem variado a cada minuto, como se fosse um círculo a seguir, porém ele sempre acaba com a mesma desorientação em forma de medo.
Tenho sentido falta dos meus sentimentos, da minha cabeça nas nuvens, de me apaixonar, de sonhar com meu casamento com alguém que nem ao menos me conhece, de sentir meu coração acelerar quando 'aquela' pessoa está por perto, de escrever textos de amor usando apenas meu coração, e não o coração de outra pessoa.
Como eu já disse, não tenho tido mais sentimentos, tenho os vivido por meio do que leio e vejo. Não sei ao certo se isso está me fazendo bem ou mal, não tenho conseguido me entender com a mesma clareza que sempre me entendi. Hoje em dia meu único sentimento que é vivido de verdade, é a amizade, e ele só se manifesta com poucos, só alguns conseguem me fazer despertar, só alguns eu me lembro de amar. Tenho me sentido como um robô, se precisar sorrir, eu sei sorrir, se precisar falar, eu sei falar, se precisar cantar eu sei cantar, só não me peça para sentir, pois creio que desaprendi. Não vejo mais graça nas coisas, não vejo mais alegria em passar uma noite em claro, não me sinto mais ansiosa para ir em uma festa cheia de garotos. Não estou acostumada a ficar sem sentimentos, pois em mim, eles sempre foram muito intensos. Talvez eu tenha cansado de desperdiça-los com futilidades, talvez eu esteja esperando alguma coisa mais forte, talvez eu espere algo além da realidade. Sem nenhuma certeza, vou seguindo minha vida com frieza.
A única coisa boa que esse período tem me feito, é que passei a entender melhor algumas poesias, só agora eu compreendi por que é preciso um pouco de tristeza para se fazer um samba com beleza.

Um comentário:

  1. Filhinha,

    Fico muito contente em participar do seu crescimento. A passagem da adolescência para a fase adulta é assim mesmo cheio de medos por aquilo que não conhecemos, mas, não se esqueça de que para a mamãe e o papai os filhos não crescem nunca estaremos sempre monitorando, apesar de na maioria das vezes não perceber, estamos sempre observando sua evolução como ser perfeito nos presenteado por Deus.

    Estaremos sempre aqui à sua disposição, conte conosco para tudo que precisar.

    Ti amo muito, viu!

    Ah, você escreve muito bem, parabéns!

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